As empresas terão mais
adaptações para se preocupar a partir do ano que vem dentro do ambiente do
Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). Além do chamado eSocial, o qual
deve unificar as declarações trabalhistas e previdenciárias e que deve envolver
as pequenas empresas, as instituições financeiras terão o EFD-Financeiras, e as
grandes companhias, a Escrituração Contábil Fiscal (ECF).
Contudo, o coordenador
nacional do Sped, Clovis Belbute Peres, afirmou ao DCI que é recomendável que
os negócios menores também se adaptem a esse sistema. Ele não descarta a
hipótese de que as empresas de porte pequeno sejam, no futuro, obrigadas a se
adequar ao ECF. Porém, o representante da Receita Federal comenta que esse
programa pode ser usado como uma ferramenta contábil.
“O Simples Nacional tem suas
peculiaridades [ante os demais regimes de tributação], mas há interfaces com o
Sped que não tem como escapar, como a escrituração contábil, mesmo a empresa
estando desobrigada. Acho que há interesse dessas empresas em manter as contas
em dias. Se o empresário não utilizá-la é quase como perder uma oportunidade de
ouro”, defendeu Peres, após participar do 2º Fórum Nacional do Sped, realizado
pela Associação Brasileira de Advocacia Tributária (Abat), na última sexta-feira,
na capital paulista.
Com relação ao eSocial, o
auditor fiscal e que faz parte do grupo que desenvolve o programa na Receita
Federal, Paulo Roberto Magarotto, também não descarta que um ano depois da
publicação do manual do sistema – que deve ser divulgado ainda neste ano -, as
pequenas empresas terão que estar adaptadas.
“Assim que foi anunciada a
nova versão da manual do eSocial, haverá seis meses para finalizar o ambiente
de teste pelas empresas que faturam acima de R$ 3,6 milhões. Às demais companhia,
vai ser fixado outro prazo, por meio de conversas com a Secretaria da Micro e
Pequena Empresa, que também entrou nesse processo”, disse. Embora entendemos
[fisco, comandado por Carlos Alberto Barreto] que vai reduzir o custo
trabalhista, é uma mudança que gera críticas. Mas, em um ano pode ser que as
pequenas empresas entrem no sistema”, acrescentou o auditor fiscal, também após
participar do evento.
Com o eSocial, todas as
empresas poderão mandar em uma única declaração as informações trabalhistas de
seus funcionários, e esses poderão consultar seus dados, como o depósito do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Mas a adaptação está sendo
complicada não só pelo volume de trabalho para apurar esses dados, como também
por envolver diversos órgãos públicos, tais como Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), Ministério da Previdência Social e Caixa Econômica Federal. “Não
sei se é mais difícil explicar o eSocial ou o sete a um para a Alemanha contra
o Brasil, na Copa do Mundo”, disse Magarotto, ao justificar a dificuldade para
essa adequação.
O coordenador nacional do
Sped comentou ainda que o estudo para implantação na Nota Fiscal Eletrônica
para o setor de serviços, a NFS-e, tomou força recentemente com o aumento de
interesse de órgãos públicos, como as prefeituras. “A Nota Fiscal Eletrônica
[NF-e, já em vigor] é para atacadistas e produtores. E existe o projeto para o
NFS-e. Talvez a ideia é que, no futuro, todas essa notas possam convergir”,
prevê Peres.
Conforme a Receita, com a
NF-e, além da melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um melhor
intercâmbio e compartilhamento de informações entre os fiscos, há uma
diminuição da sonegação e aumento da arrecadação de impostos.
Segundo Peres, essa nota
estará “umbilicalmente” ligada ao Imposto sobre Serviços (ISS). No entanto,
existem discussões dentro da receita para que esse imposto possa ter seu
próprio ambiente virtual dentro do Sped ou que ele possa fazer parte do
EFD-Contribuições, já em vigor.
Ao antecipar dados que serão
divulgados em breve pela Receita Federal sobre o sistema de escrituração
digital, Peres comentou que de 2012 para 2014, do volume total de declarações
de pessoas jurídicas, os envios dentro do Sped saltaram de 10% para 43%.
“Isso mostra que já há uma
migração crescente ao sistema. Além de que esse percentual deve subir à medida
que os programas de escrituração substituam declarações como o Dacon
[Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais, com a entrada em vigor do
eSocial] e DIPJ [Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa
Jurídica, que se dará por meio do ECF]“, avaliou o especialista.
Fonte: DCI – SP | Fernanda
Bompa