quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Bom preço da soja deve ser aproveitado por produtores.

   O aumento da necessidade internacional por soja impulsionou os preços praticados. Os agricultores que estão fechando negócios para o mercado futuro conseguem alcançar até R$ 50 por saca. No entanto, os produtores devem estar atentos à chegada do período de colheita do grão quando é comum os valores pagos recuarem. A venda internacional não é a única responsável pela valorização da oleaginosa. Conforme o diretor da Agroinvvesti Corretora de Passo Fundo, Cléber Bordignon, as altas nos preços de qualquer commodity são marcadas por vários fatores.      Neste caso o primeiro deles é o período de entressafra. A projeção inicial de quebra na safra brasileira, em virtude de previsões de influência do fenômeno climático La Niña, também colaborou para o cenário atual. “Outro ponto de sustentabilidade nos preços é a quebra na safra argentina devido a esse fenômeno climático. Esperava-se lá uma produção de 52 milhões de toneladas inicialmente, hoje se projeta alto entre 46 e 47 milhões de toneladas do grão”, explica. No mercado interno, um dos responsáveis pela alta no valor do grão está relacionado à produção de biodiesel, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso.



Mercado chinês
   Bordignon destaca ainda a influência da China no mercado. “Japão com vulcão, Austrália com tornados, EUA com uma das maiores nevascas dos últimos anos, isso sempre atinge a produção e gera um baque. Isso faz com que o preço das commodities se sobressaia”, observa. O engenheiro agrônomo da Emater, Cláudio Dóro elenca ainda a consequente baixa nos estoques norte-americanos em função das exportações. Ele explica que na América do Sul houve um incremento de 2,7% na área coberta com o grão, no entanto as perdas em produção deverão ser de 4,6%. “A projeção de uma menor oferta diante de uma demanda sólida pelo grão repercutem no preço”, pondera. Em todo o Brasil 45% da safra que está na lavoura já foi vendida antecipadamente. No Estado esse percentual é de 25%.


Cuidado com a troca
   Outro fator a ser observado pelos produtores é o aumento do preço dos insumos. O engenheiro agrônomo da Emater aconselha a compra antecipada dos insumos necessários a lavoura. “Se ele deixar para comprar mais perto da safra ele vai pagar mais caro. É preciso reinvestir o lucro em insumos para garantir o preço e o lucro”, alerta. O diretor da Agroinvvesti reforça que este é o momento para o agricultor fixar pelo menos parte da produção para garantir esse preço.


Até quando?
   Segundo Bordignon os preços atuais devem se manter até a entrada da safra . No entanto com a enxurrada de grãos nesse próximo período a tendência do mercado é a de reprimir os valores pagos. “Agora a tendência é entrar em fatores que só tendem a posicionar negativamente o mercado, que é a colheita no MT, no PR, e as previsões de boa safra. Junto a isso diríamos que o produtor deveria aproveitar esses níveis para fixar alguns volumes e não esperar e contar só com a sorte”, reitera. Os valores da soja geralmente oscilam entre R$ 30 e R$ 50 a saca.


Cuidado na lavoura
   Cláudio Dóro alerta que de agora em diante dois fatores serão fundamentais para o sucesso da safra. O primeiro é relacionado as condições climáticas. Boas chuvas serão necessárias até a metade de março. O segundo é em relação as pragas da lavoura. “A ordem é monitorar. O agricultor deve percorrer a plantação no mínimo duas vezes por semana e observar as plantas de baixo até em cima para ver se tem sintomas de doenças e se tiver procurar a assistência técnica. Nesse momento não se pode ser negligente”, enfatiza. Na região foram plantados 816 mil hectares de soja com expectativa de colheita de 2 milhões de toneladas. Esse total deve representar 20% da safra gaúcha.

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